Não vou falar de política, pois descobri que alguém de Poiares já o fez, mas com uma abordagem mais global. Numa entrevista ao Diário de Notícias o padre Henrique Pinto, nascido em Vila Nova de Poiares, director da revista Cais, investigador e professor da Universidade Lusófona.diz que é um homem de causas, cheio de dúvidas. E em constante interrogação "As pessoas valem pelo que são e não pelo que fazem. Gostaria de ver uma Igreja politicamente empenhada. A Igreja aburguesou-se. Não precisamos de mais partidos, precisamos é de uma sociedade civil mais exigente e implacável. Temos um país de bananas onde quem se vai governando já nasceu de camisa branca."
Refere ainda "Porque é que, perante uma sociedade com tantas desigualdades, a hierarquia mantém todos os privilégios?".
Mas é um homem de senso, e a vida civil deu-lhe outra liberdade intelectual, um valor de que tem relutância em abdicar, sobretudo porque foi educado "para converter tudo e todos ao cristianismo", sendo livre para ser a favor dos métodos contraceptivos, dos casamentos e da adopção pelos homossexuais, por exemplo.
Tudo começou há 35 anos, quando Henrique Pinto ingressou no seminário da Consolata em Vila Nova de Poiares (actual lar de Idosos). Tinha dez anos. Foi ordenado padre em Fátima, aos 25. Entrou em crise vocacional cinco anos depois. Esteve fora da comunidade um ano, para sair novamente. Desta vez para tirar um doutoramento em Londres, onde viveu entre 1995 e 2001 e trabalhou num restaurante para pagar os estudos. Aprofundou os conhecimentos sobre filósofos que já admirava. Entre outros, recorda Michel Foucault, que dizia: "A Igreja é uma força política." Não viu isso e saiu definitivamente dos Missionários da Consolata.
Enquanto missionário, viveu em Itália, no Quénia, na Tanzânia e esteve em Timor-Leste. O italiano e o inglês são as suas segundas línguas e até aprendeu suaíli (na Tanzânia). Sempre acompanhado de uma viola. Compunha e cantava e acharam que tinha jeito para a animação. Chegou ao topo da hierarquia. Tudo ficou para trás há sete anos. Regressou a Portugal para "agarrar a Cais" em Outubro de 2001. Um ano depois fundou a Universos, uma associação para o diálogo inter-religioso, "entendido como relação apreciativa, respeitosa e crítica entre diferentes tradições religiosas, e outras formas de estar na vida".
Será que este Sr. também já recebeu uma medalha de Mérito do Município? Certamente também não se importa de não a receber, mas gostaria de ver alguém a seguir as suas pisadas fazendo o bem em prol dos outros, não se acomodando e lutando por uma sociedade melhor.
1 comentário:
Ninguém é profeta na sua terra.
Poiares não é grato aos seus, quem manda bajula os de fora, que nada têm a ver com Poiares, desprezando os naturais.
É a velha questão da oportunidade política e da ingratidão.
Há que lutar contra este "destino".
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